Parece que confiança é uma dessas habilidades essenciais, que faz crescer, estudar mais, aprender mais, e que é um dos requisitos para alcançar objetivos de curto e longo prazo.
Dunning Kruger
Acontece que esse estudo de Dunning e Kruger mostrou algo assustador. Mostrou que pessoas com baixa habilidade, ou seja, que não sabem fazer alguma coisa, tendem a se achar melhores que as outras, tendem a superestimar a própria habilidade.
Por outro lado, pessoas que mandam bem em uma área, ou seja, pessoas de alta habilidade, tendem a subestimar a própria habilidade. Ou seja, o que é pior acha que é bom e o que é bom acha que é ruim. A incompetência leva a super autoconfiança e a alta competência leva a baixa autoconfiança. Você já viu isso acontecer na prática?
Áreas do Estudo
Então eles fizeram esse estudo com várias áreas, gramática, lógica, matemática, xadrez, até humor. E sempre os indivíduos que tinham baixa habilidade, ou seja, que não mandavam muito bem nisso, achavam que estavam acima da média. Já os mais à frente que já tinham uma boa habilidade nessa área, sempre se colocavam na média, sabe? Ou um pouquinho abaixo da média. Nunca lá no alto, como eles realmente estavam.
E aí eles descobriram que, por exemplo, pessoas que já mandam muito bem na área, tendem a ter um viés do especialista. Que é o seguinte, eles acham que os outros são igualmente capazes. Então imagina que você, sabe, faz alguma coisa muito bem. Você acha que todo mundo faz aquilo bem. Não é só você que sabe fazer, todo mundo sabe fazer aquilo bem. Por mais que você esteja acima da média.
Por outro lado, alguém, por exemplo, que não sabe nada, acha que é melhor que a média, que a média é mais ou menos onde ele está, por mais que ele não saiba nada. Então pega, por exemplo, um jogador de xadrez que não treina, que não sabe direito como funciona, que não sabe muitas jogadas, ele acha que ele é mediano. Já a pessoa que treinou muito, que estudou muito, que assim, que manda bem, ela que acha que é mediana, entendeu?
Logo, é muito interessante a gente relacionar essa questão da habilidade com a confiança e ver que às vezes uma habilidade baixíssima pode te dar uma confiança exagerada que é totalmente ilusória, que é totalmente errada, que faz mal, que inclusive te impede aprender a fazer as coisas da forma certa.
Meu Exemplo
Vou te contar um exemplo do meu doutorado, que eu acho que casa muito bem com isso.
Quando eu comecei o doutorado, a gente começa a ler vários artigos, a estudar o tema, e aprender as coisas novas e tal, e aí eu li assim uns três artigos, cinco artigos, e nossa agora eu entendo isso, agora eu peguei todos os detalhes, eu sei como funciona o motor híbrido, como são, sabe, todos os injetores, todas as coisas importantes aqui, e eu achava que eu sabia.
Dessa forma, com o tempo, você vai lendo novos artigos, você vai percebendo coisas que você não sabe, aí você vai preenchendo lacunas, aí você vê outras coisas que você nem imaginava. E aí depois de dezenas de artigos, talvez até centenas de artigos, aí você vai montando o quebra-cabeça do assunto, você vai entendendo, aí vira um doutorado, aí você vê o quanto você não sabe nada.
Você pensa “nossa mas agora tanta coisa que eu tenho dúvida, tanta coisa eu não sei, tanta coisa eu preciso estudar mais”; é exatamente isso, no começo com três artigos você já entende o assunto e depois com 100 e você se coloca no mesmo nível de confiança, basicamente, sendo que no começo a competência é nula e depois a competência é bem maior, por exemplo, no fim do doutorado.
E é justamente aquela questão das pessoas que às vezes leem um artigo, dois artigos de uma área e acham que sabem tudo de imunologia e sabem tudo de vacina e sabem tudo daquela ciência inteira porque ela leu um artigo. Então é muito legal esse efeito Dunning-Kruger. Primeiro para a gente perceber quando acontece com você e não deixar isso acontecer e ver isso acontecendo nos outros, que é mais interessante ainda.
Por que isso acontece?
Uma coisa interessante é a gente entender por que que isso acontece. Então quando a pessoa manda mal em uma coisa, ela se acha melhor que a média. Como ela não tem nenhuma experiência, ela não tem como comparar. Então é tudo um vazio e nesse vazio é melhor se colocar numa posição boa lá na média. Então você não tem experiência nenhuma, você não tem com quem comparar e você não tem metacognição, então você não sabe onde é que o seu pensamento pode estar errado, onde tem alguma coisa a melhorar ali. Não existe isso ainda.
Como Evitar?
Logo, uma forma de evitar isso é sempre ter alguma forma de testar, de saber se está certo, por exemplo, uma competição ou uma prova ou algum coach treinando, sabe, alguma forma de validação exterior que não seja só na sua cabeça, tipo essa, eu sou boa em xadrez. Não.
Por outro lado, quando você já sabe bem alguma coisa e você sempre se coloca abaixo, sempre se coloca, nossa, não, mas eu não sei nada e todo mundo sabe a mesma coisa que eu e perceber isso também que muitas vezes você tem essa confiança mais baixa mas isso é bom, é bom que você tem essa confiança baixa e você continua aprendendo, continua se desenvolvendo e a sua habilidade está lá no alto, que é até uma das questões, então ele fala que, pessoas altamente habilidosas que possuem altos padrões de excelência e desempenho, costumam ser autoexigentes e críticas de si mesmas.
Elas têm uma percepção clara de como deveriam ser seus resultados ideais e muitas vezes sentem que não atingem esses níveis ideais, mesmo quando estão executando tarefas com habilidade e competência bem acima da média. Enfim, espero que você tenha gostado do vídeo e não se sinta mal quando você tiver menos autoconfiança que isso inclusive pode ser um bom sinal, pode ser um sinal de que você está evoluindo bastante, que você está aprendendo um montão de coisas e que você está meio que virando um especialista nesse assunto.
E por outro lado se você tem uma super autoconfiança e acha que sabe tudo talvez seja a hora de rever essas crenças. Então, muito obrigada por assistir, continuem atrás dos seus sonhos, o mundo precisa da habilidade que só você tem. E a gente se vê aqui no próximo post. Tchau!