TEXTOS PARA AS QUESTÕES 78 E 79
(…) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (…)
Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.
(…) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava o cachimbo.
(…)
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
Graciliano Ramos, Vidas secas.
As declarações de Graciliano Ramos na Carta e o excerto do romance permitem afirmar que a personagem Baleia, em Vidas secas , representa
(A) o conformismo dos sertanejos.
(B) os anseios comunitários de justiça social.
(C) os desejos incompatíveis com os de Fabiano.
(D) a crença em uma vida sobrenatural.
(E) o desdém por um mundo melhor.
Português, interpretação de texto, literatura, vidas secas
No trecho, Baleia morre e vai para um lugar cheio se preás, ou seja, com alimentação farta, onde não sofrerá e será feliz. Em outras palavras, um lugar onde haverá justiça social.
Letra B