Texto para as questões de 86 a 90.
Revelação do subúrbio
Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a [vidraça do carro*, vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite como o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luga, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil.
Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940.
(*) carro: vagão ferroviários para passageiros.
Segundo o crítico e historiador da literatura Antonio Candido de Mello e Souza, justamente na década que presumivelmente corresponde ao período de elaboração do livro a que pertence o poema, o modo de se conceber o Brasil havia sofrido “alteração marcada de perspectivas”. A leitura do poema de Drummond permite concluir corretamente que, nele, o Brasil não mais era visto como país
a) agrícola (fornecedor de matéria-prima), mas como industrial (produtor de manufaturados).
b) arcaico (retardatário social e economicamente) mas, sim, percebido como moderno (equiparado aos países mais avançados).
c) provinciano (caipira, localista) mas, sim, cosmopolita (aberto aos intercâmbios globais).
d) novo (em potência, por realizar-se), mas como subdesenvolvido (marcado por pobreza e atrofia).
e) rural (sobretudo camponês), mas como suburbano (ainda desprovido de processos de urbanização).
Resposta D
A segunda fase de Drummond, marcada pelo Livro Sentimento do Mundo, foi oposta à euforia nacionalista da primeira fase do Modernismo brasileiro.
Ele mostra a realidade do subúrbio, marcado pelo subdesenvolvimento, pobreza, precariedade.
Veja como Sentimento do Mundo foi cobrado na prova da FUVEST de 2015
Fuvest Questão 37 Drummond
Fuvest Questão 38 Drummond
Fuvest Questão 39 Drummond