O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.
ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 ab. 1892
No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa
A redenção cristã e cultura cívica.
B veneração aos santos e radicalismo militar
C apologia aos protestantes e culto Ufanista.
D tradição messiânica e tendência regionalista.
E representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.
Solução
Na nossa opinião, essa foi uma questão difícil.
Entendemos que era preciso analisar o seguinte trecho do texto:
“esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.”
Será que teria alguma similaridade com a história de Jesus, no sentido de pagar pelos pecados de todos?
Assim, entendemos que Machado de Assis está fazendo um paralelo entre Tiradentes e Jesus Cristo, guardadas as devidas proporções é claro.
- Enquanto Jesus sofreu na cruz para eliminar os pecados de todos.
- Tiradentes assumiu a culpa e foi esquartejado para eliminar a sentença dos outros. E assim foi escolhido o símbolo da nova república.
Letra A
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