PINHÃO Sai ao mesmo tempo que BENONA entra.
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.
BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.
EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não!
BENONA: Isso são coisas passadas.
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.
SUASSUNA, A. O santo e a porca, Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento)
Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para
- marcar a classe social das personagens.
- caracterizar usos linguísticos de uma região.
- enfatizar a relação familiar entre as personagens.
- sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.
- demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.
RESOLUÇÃO
“E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. ”
As expressões são empregadas para construir uma cena em uma região onde essas expressões são comumente faladas. Assim, o texto fica rico em expressões regionais para caracterizar seu próprio uso linguístico.
LETRA B