Pra passar no ITA você precisa saber muitos assuntos e com a profundidade que cai na prova. Mas é difícil ver toda a matéria com essa complexidade em um ano.
Se preferir, escute no Spotify, Google Podcasts ou iTunes.
O Lucas conta como conseguiu esse feito.
Ele recomenda investir na qualidade das horas de estudo acima da quantidade, ou seja, é melhor estudar menos horas, com maior concentração e foco, do que muitas horas cansado. Ele fala também sobre a importância do lazer, de fazer atividades que você gosta.
Ele conta também sobre como organizou a ordem da resolução das provas antigas do IME e do ITA, um detalhe é que ele começou a fazer as provas antigas antes de ver toda a matéria, porque realmente ver toda a matéria é uma coisa que não acontece. Ele organizou essas resoluções de uma forma super interessante, é a forma que eu estou recomendando agora. Espero que você goste desse episódio, eu gostei muito dessa entrevista!
A transcrição abaixo contém apenas trechos da entrevista no Podcast, escute o podcast!
O Lucas estudou no Farias Brito e passou de primeira no ITA.
Ele conta que adora matérias de exatas. Inicialmente se interessava pela carreira militar, inspirado no seu pai que é militar. Ele começou com a ideia de ir pro IME, mas depois de conversar com um engenheiro militar sobre a carreira de engenheiro militar ele viu que prefere ser civil, e isso o fez considerar o ITA.
Ele ganhou uma bolsa de 65% no Farias Brito. Inclusive ele dá a dica de mandar o histórico do ensino médio para o pessoal do Farias Brito, porque eles dão muitas bolsas.
Início da entrevista
Ele conta como era a rotina de estudos.
Ele fala que o principalmente você precisa organizar muito bem o tempo, porque o ITA pode cobrar muitos conteúdos e de forma muito aprofundada.
Ele tinha quase 8 horas de aulas por dia, mas ele usava algumas aulas para fazer exercícios da apostila inclusive de alguma outra matéria. Ele preferiria estudar no cursinho, ele sentia que não rendia tanto em casa.
De manhã: estudo teórico + exercício
De tarde: aulas + exercícios (quando aula era de assunto que ele já sabia ou quando a aula era muito difícil, estava muito além).
Ele classifica os exercícios em 4 níveis.
1 – Exercícios triviais, muito fáceis, ultra básicos. Não vale a pena o esforço.
2 – Sabe fazer ou tem alguma noção de como fazer. Mas é preciso escrever para ter certeza que sabe fazer e chegar na solução final.
3 – A princípio nã sabe fazer, mas está o seu nível, quando você quebra um pouco a cabeça você consegue
4 – Está além do seu nível, precisa de mais estudo, de mais base.
A medida que você vai estudando, o nível dos exercícios vai caindo, do nível 4 para nível 3, do nível 3 para nível 2.
Então ele sempre tentava estudar por exercícios 2 pra treinar velocidade e nível 3 para quebrar a cabeça. O 4 não adianta, e o 1 não serve pra nada, é perda de tempo.
Material de estudo
É bom mencionar que às vezes é difícil saber o nível, se você passou muito tempo ele é nível 4.
Ele usava as apostilas do Farias Brito. Só usou essas apostilas. Focou em um material.
Não usou muitos materiais, preferiu focar só em um material para não ter dois trabalhos.
Qualidade do estudo: eficiência e gestão do tempo
Um ano é muito pouco tempo para ver a matéria do ITA, você tem que ser eficiente.
Pra mim, a questão de passar no ITA é muito mais qualidade, do que quantidade de estudo.
Na prática ele tinha 9 horas de estudos diários, mas esse tempo não era de estudo líquido. À noite, ele relaxava, jogava vídeo game.
Ele fala que quem estuda com carga horária muito grande acaba tendo problemas psicológicos, e vai render muito menos do que quem estuda muito menos.
Então tem que ter lazer, além do descanso. O lazer é importantíssimo. Você precisa todos os dias fazer algo que você gosta.
Aproveitar o intervalo para fazer amigos. Ele jogava cartas nos intervalos.
No fim de semana, ele não estudava nada nos fins de semana. No segundo semestre ele começou a fazer revisões no fim de semana, mas não era um estudo pesado. Era sempre um estudo leve, como revisão, ou refazer algum exercício para relembrar a matéria.
O estudo pesado, estudar algo novo, ele deixava para os dias de semana.
Um dos maiores exemplos de qualidade de estudo, é quando você está em uma questão pensando. E aí no você vai dormir, e a resposta aparece como um insight.
Intercale modo focado e difuso do cérebro e estude como os gênios
Aqui eu vou fazer um parênteses. Ele falou algo importantíssimo agora.
Ele falou que às vezes ficava cansado tentando resolver uma questão no fim do dia e a questão não saía, então preferia relaxar, ir dormir, e voltar a estudar no dia seguinte. E quando voltava de manhã, resolver a questão era muito mais fácil.
No podcast da semana que vem eu vou falar sobre essa estratégia que os maiores cientistas, matemáticos, artistas usavam, que é intercalar os modos focados e difusos do cérebro.
Isso é algo que o Lucas fazia, e eu recomendo que você faça na sua preparação também. Isso é simples, são basicamente 2 coisas:
- A primeira é que o cérebro precisa de um tempo para sedimentar os conhecimentos, para reforçar as sinapses com as ideias que você aprendeu.
- A segunda é que para aprender algo novo, para ter novas ideias, que no caso é saber maneiras diferentes de resolver uma questão, você precisa intercalar o modo focado, com o modo difuso. Então no modo focado, você se concentra na matéria, tenta entender o assunto, fazer os exercícios, é o famoso dar o gás. Depois disso, você deixa meio que a parte inconsciente fazer o trabalho dela. Esse vai ser o modo difuso. É o modo que assume quando você vai tomar um banho, quando você vai fazer uma caminhada, descansa de verdade, mas principalmente quando você dorme. Veja que é o que o Lucas fazia, o Poincaré fazia isso, o Einstein, o Thomas Edison inventor da lâmpada, até o Salvador Dali pra ter novas ideias do que pintar.
Neurociência: De onde vem a genialidade?
Veja que a genialidade vem de você juntar o modo focado com o modo difuso, meio que deixar o modo inconsciente trabalhar também. Esses modos de funcionamento do cérebro são objetivo de muita pesquisa acadêmica na área de neurociências, vou deixar umas referências no post pra quem quiser saber mais.
E no podcast da semana que vem vou dar vários exemplos de pessoas que usaram isso, e vou contar várias formas de você incluir isso na sua rotina.
Mas hoje veja como o Lucas fazia. Ele tentava fazer um exercício, quando não saía, em vez de se estressar e brigar com a questão, ele via que estava cansado e percebia que era melhor ir dormir e voltar a estudar de manhã. E quando voltava de manhã, as ideias apareciam, e ele conseguia fazer questões que pareciam impossíveis ou super trabalhosas no dia anterior.
Eu fiz muito isso na preparação para o ITA também.
Como Thomas Edison resolvia problemas e o que isso tem a ver com o vestibular
O Thomas Edison falou que sempre que aparecia um problema difícil pra resolver, um problema muito complicado, ele ia tirar uma soneca. Com isso ele foi extremamente produtivo, inventou diversas coisas e tem mais de 1000 patentes. Mas mais sobre isso no podcast da semana que vem: “como “gênios” da estudam matemática”.
Então dê o gás na questão, e quando você perceber que está muito cansado, vá descansar, vá dormir, e retorne no dia seguinte, com muito mais energia, com novas memórias e novos caminhos de raciocínio que você vai ter um estudo de maior qualidade, vai render mais e chegar mais perto de passar no ITA.
De volta à entrevista: Do IME para o ITA
Quando ele passou no IME ele decidiu que iria pro IME, como o IME tem prova física, ele decidiu fazer os exercícios físicos para se preparar para o IME.
Conversando com um engenheiro militar, ele percebeu que ser militar não é o que ele queria. No final do cursinho, ele percebeu que não queria ser militar, porque não queria ser militar.
No ITA, ele colocou “Reserva” e por isso também preferiu ir pro ITA. E hoje está super feliz, está em um ótimo emprego.
Matemática era a matéria favorita.
Ele fala que química é meio humanas, cheia de decorreras haha
Ele recomenda não ignorar nenhuma matéria.
Ele falou que mesmo indo mal em literatura ele conseguiu passar. Mas ele recomenda estudar direito essa matéria.
Ele fazia 1 ou 2 redações por semana.
Em qual ordem você fez provas antigas?
Ele fala que provas antigas foi muito importante.
Além de saber a matéria, você tem que aprender a fazer provas. E aprender a fazer provas do IME e ITA, aprender os truques. Saber a resolver questões de múltipla escolha, saber como o ITA gosta de explorar, quais insights é preciso ter. Tem muitas coisas que são específicas da prova. Você precisa saber fazer prova, e inclusive saber as provas do ITA.
E por isso, ele preferia não fazer provas de olimpíada, porque em geral são mais difíceis. Então é melhor focar na prova do ITA.
Ele fala também que você aprende a fazer eliminação nas questões objetivas. Truques de triângulo com lados em PA, você já pensa 3, 4, 5.
Ele fez uns 15 anos de prova antiga do IME até 2005, nas duas semanas anteriores ele fez só os 10 anos de provas recente.
Ele fala pra usar as provas recentes como simulado logo antes da prova. Evite resolver as questões recentes, deixe para guardar para logo antes da prova. Assim você entende o que o ITA está cobrando recentemente.
Você começou a fazer provas antigas só quando terminou a matéria?
Não existe terminar a matéria, a matéria é grande demais. Você nunca acaba a matéria, você sempre avança. Nenhuma matéria você estuda a ponto de estar 100%. Você tenta se dedicar o máximo que puder.
Nas férias de julho ele ficou fazendo as provas antigas do IME.
Ele resolveu todas na segunda quinzena de outubro ele fez os 10 anos de provas anteriores do ITA.
E o mês de novembro, foi o mês inteiro só provas do ITA.
As questões devem ser de nível 2 e 3, é o que vai acontecer quando você estudou bem o ano inteiro.
O vestibular do ITA não é tão difícil como olimpíadas. Então quando a questão sobra na prova do ITA ela deve ser nível 3.
Tira dúvidas antes do vestibular era só sobre questões de provas antigas. O professor já tinha de cabeça as questões.
Dica do Lucas: Resolva 1 mês de provas antigas. Tente guardar as provas mais recentes.
Você precisa acabar a matéria em outubro, é difícil, mas tem que dar um jeito de responder.
Controle as revisões com provas antigas e simplifique sua vida
Outro parênteses, veja que o Lucas não ficava controlando as revisões, quais questões rever.
Eu normalmente recomendo que você refaça as questões que errou OU que você faça provas antigas, faça muitas provas antigas. Porque assim, você vai acabar revendo uma questão parecida e aí perde a utilidade de controlar quais questões ou assuntos revisar, porque você vai ver na prática.
Veja que ele foi ninja das provas antigas. Fez em julho uns 10 a 20 anos do IME, depois duas semanas antes da prova do IME ele fez vários anos de provas recentes, depois ele fez a mesma coisa pro ITA, aquelas provas antigonas. Ele fez muitas provas.
E esse é o ideal mesmo, fazer muitas provas é a estratégia número 1.
Você decorava equações?
Agora voltando pra entrevista, ele fala sobre o processo de aprender de onde vêm as equações, pro ENEM muitas vezes pode fazer sentido decorar algumas equações, mas pro ITA você precisa saber bem de onde as equações vem.
Você decorava algumas equações? Colava alguma coisa no guarda roupa?
Não, porque senão você ficaria dependente de um papel que você não tem na hora da prova. Eu tentava desenvolver e tento provar na hora. Com muita prática você aprende a fazer isso rápido.
Sua cabeça se acostumaria a olhar a fórmula.Você tem que desde já aprender a fazer a questão usando a sua cabeça. Tem que aprender a parir na hora.
Quando você estudava de manhã, você tentava estudar 1 matéria, 2 matérias.
Ele tentava acompanhar o professor, então quando estava atrasado dava um intensivão nessa matéria, ficava na matéria até acabar.
Sobre intercalar matérias…
Nunca me forcei a estudar matérias diferentes no mesmo dia.
Você precisa saber qual jeito faz você aprender melhor.
Teve algum momento que você ficou meio desestimulado? Que você perdeu a motivação?
Sim, no começo do ano.
O professor passava uma lista com 100 exercícios, e eu só conseguia fazer 4. Era bem difícil.
Eu tinha sempre a esperança de que eu ia melhorar, e eu dava o máximo pra fazer essa esperança acontecer.
Eu pegava uma lista de exercícios, e tentava fazer os mais fáceis. Eu começava por esses, como da Unicamp. Eu pegava a ideia, e com o tempo ia conseguindo resolver os outros.
Eu senti que a partir de maio eu consegui acompanhar o cursinho. A partir de maio eu consegui entender resoluções no quadro. Antes disso era grego pra mim.
Eu sempre pegava as questões que conseguisse fazer.
Ia melhorando, até que no fim do ano já conseguia fazer quase todas as listas.
Tem que ter muita paciência. Eu passei de primeira, mas eu sou um caso a parte, mas a maioria passa com 2 ou 3 anos.
Como era a experiência na sala de aula?
O pessoal era super amigo, não tinha nenhum clima de concorrência.
Todo mundo se ajudava na sala.
A mentalidade da sala era “Todo mundo vai passar”.
Quem ganha é a gente, porque uma turma em que todo mundo se ajuda, a chance de passar vai ser maior do que uma turma em que todo mundo concorre. Não tinha bullying.
Vai ter um ônibus do Farias Brito que leva todo mundo feliz pra São José dos Campos.
Um ou dois dias de se apresentar pro IME eu decidi ir pro ITA.
No ITA eu descobri que gosto muito mais de eng. de computação e ser civil.
Quais erros você de quem está se preparando pro ITA?
Estudar o dia inteiro, porque a qualidade de estudo despenca. Por isso, tente prezar pela qualidade do estudo. Tenha descanso e lazer.
Agora sobre a qualidade específica do estudo, parta logo pros exercícios 2 e 3 logo.
Faça os exercícios de nível 4 caírem.
Você precisa aprofundar muito conteúdo e aprofundar rápido.
Outro erro é não saber quanto tempo estudar cada conteúdo. Não pode nem ser superficial, nem passar muito tempo em um conteúdo. Saber organizar e definir quanto tempo é preciso para aprofundar em um nível suficiente.
No meu jeito, você divide um tempo igual pra cada matéria, mas é difícil estimar esse tempo.
Como saber quando devo ficar em uma questão ou quando devo passar pro próximo assunto?
Resposta dele está em 43 minutos.
Pra quem tá no começo do ensino médio, recomendo a fazer olimpíada.
Pra quem já está na época de cursinho, recomendo descobrir como aprender, descubra como estuda melhor. Procure não comprometer a qualidade com quantidade.
5 dicas do Lucas
Então, hoje eu conversei com o Lucas! Uau que conversa. Então ele deixou váaarias dicas muito boas. Se eu pudesse resumir, eu diria que os pontos principais foram:
1 – Faça as provas antigas, e como ele falou comece pelas antigonas e deixe as mais recentes para fazer algumas semanas ou 1 mês antes da prova.
2 – Não comprometa a qualidade do seu estudo, é melhor estudar menos horas, e com maior qualidade do que muitas horas cansado.
3 – Além do descanso tenha lazer, faça uma coisa que você gosta, que te dá alegria.
4 – Tente focar nos exercícios nível 2 e 3
5 – Tenha paciência e fé. Nem sempre você vai aprender os conteúdos rápido, a gente tem que sempre persistir, uma hora a ficha vai cair e você vai conseguir realizar o seu sonho.
A transcrição está incompleta e deve ter 70% da conversa, escute o podcast!
Veja toda a lista de episódios.