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[Podcast] #7 Como estudar com questões de provas antigas


Eu sempre falo que um dos motivos de ter passado de primeira no ITA e tão rápido em medicina na USP é ter começado a fazer provas antigas o mais rápido possível, muuuito antes de estar pronta, e nem perto de ter terminado a matéria (porque ninguém consegue terminar), antes de realmente estar à vontade com as questões.
Ou seja, comecei quando levava tapa na cara de quase todas as questões da prova, principalmente da prova do ITA.
Se estiver vendo no celular, ou não estiver vendo o player acima, clique aqui.

Eu dividi esse episódio em 4 partes:

  • 1a parte:  importância do erro para aprender melhor
    •  Errar com questões mais difíceis vai ter um resultado  muito melhor na sua nota do que acertar questões mais fáceis.
  • 2a parte: 2 tipos de questões
  • 3a parte: como eu estudei pro ITA e pra medicina na USP
  • 4a parte: método passo a passo de como você pode começar a incluir provas antigas no seu estudo
Pra ficar bem simples de seguir, eu criei um planner em PDF, esse planner fica perfeito pra fazer o controle de assuntos já estudados e de provas antigas. Você pode baixar na página www.resumov.com.br/7
Então vamos lá.

Bônus do episódio: Planner em PDF 

 

1a parte: importância do erro

Quando a gente começa a fazer provas antigas, a gente erra praticamente a prova inteira.
E quando a gente erra questões de assuntos já estudados é pior ainda, parece que tem alguma outra coisa no lugar do cérebro, porque não é possível.
Então já se prepare pra isso. Já tenha bem claro que você vai começar errando, e errando muuuito. Não adianta chorar, nem se desesperar.

Fazer provas antigas é difícil, mas é factível, vamos acabar com o drama!

Então a primeira coisa é derrubar o drama. Fazer provas vai ser difícil mesmo. A gente ja tem que se planejar pra essa dificuldade, e então planejar o que fazer quando o desespero bater.
Então, planeje sessões de intervalo depois das provas antigas, já planeje fazê-las antes de intervalos grandes, por exemplo, antes do almoço, antes de fazer o exercício físico, ou antes de dar uma soneca. Porque depois você tem um tempo de se recuperar.

Estudo sobre a importância do erro

Mas antes, vou falar sobre um estudo, na verdade é um conjunto de estudos pra convencer você a dar logo uma chance para as provas antigas. Porque a gente está em junho e o vestibular já é em breve. É melhor sofrer agora, quebrando a cabeça, do que passar mais um ano estudando.
Vou mostrar porquê fazer provas antigas e exercícios difíceis e ERRÁ-LOS é melhor para o aprendizado do que fazer os exercícios tranquilos da matéria que você acabou de ver e acertá-los.
Talvez você se lembre dessa recomendação do post: “Estude com a faca nos dentes, e sangue nos olhos”.  Mas agora vou um pouco mais fundo nisso que acho que é um dos fundamentos de porque eu fiz o resumov.

Para aprender melhor e mais rápido: Errar é melhor que acertar (estudo científico)

O pesquisador Kumar fez um estudo interessante, ele pegou uma turma da escola, e separou em dois grupos, a turma tinha aula com o mesmo professor, a mesma aula. Mas a aula de exercícios foi diferente.
No primeiro grupo, os professores ensinavam a matéria como estamos acostumados no colégio:
1 – professores ensinavam a matéria
Depois a aula de exercícios do grupo 1 era assim:
2 – os professores mostravam como fazer um exercício (faziam um exercício de exemplo)
3 – depois Passavam uma lista de exercícios (do mesmo nível do exemplo)
O acerto da lista era em torno de 90% (90% dos alunos acertou a lista de exercícios). Ou seja, todo mundo acertava a lista inteira. Mas será que acertar toda a lista de exercícios significa que aprenderam mais?? Já vá pensando.
No outro grupo, fizeram o seguinte:
1 – Ensinavam a matéria do mesmo jeito, mesma aula, os alunos dos dois grupos estavam lado a lado
Mas a aula dr exercícios foi diferente
Em vez de o professor dar um exercício do nível da aula e resolver no quadro, ele deu um exercício um nível acima da aula, e não resolveu. Um exercício bem mais complexo. E falou que os estudantes poderiam levar o tempo que fosse e que poderiam Conversar entre si.
O acerto dessa lista mais difícil, e sem exercício de exemplo, foi muuuito menor, em torno de 16%, isso mesmo, 16% (16% dos alunos acertaram alguma questão).
Ou seja, no segundo grupo, os alunos foram desafiados com exercícios um pouco acima da sua capacidade, e a maioria esmagadora errou.

Entre os 2 grupos, quem aprendeu mais?

Depois desse estudo em grupos diferentes, os pesquisadores fizeram a prova final, um reteste nos dois grupos. Um reteste incluindo três tipos de questões, ou seja, as questões mais fáceis do primeiro grupo E as questões mais complexas, do segundo grupo, e questões médias, e advinha o resultado.
Então agora decida em qual grupo você quer estar. 
A conclusão é que os alunos desafiados com problemas mais difíceis acertaram mais: tanto as questões fáceis, quanto as questões difíceis. Na prática, como estudavam acostumados com questões de nível mais alto, fazer as questões mais fáceis foi super tranquilo. Por outro lado, os alunos que estavam acostumados só com questões fáceis não conseguiram pensar fora da caixa nas questões mais difíceis.
Os que treinaram com questões mais difíceis acertaram mais questões, aprenderam em menos tempo, e ainda aprenderam a raciocinar de forma diferente dos que só tiveram exercícios mais tranquilos com o passo a passo do professor.

O  que é erro produtivo

Existem vários estudos parecidos falando a mesma coisa. Essa abordagem de ensino está ficando famosa nos Estados Unidos, e o nome é productive failure, erro produtivo …Eu não vou citar os outros estudos, porque ficaria repetitivo. Mas é convenção de que:
É melhor ser desafiado com problemas acima da sua capacidade ou conhecimento, e tentar resolvê-los e errar. O erro ensina muito mais do que o acerto.
Quando você acerta, você não tá nem aí pra resolução. Você já se convence de que sabe o assunto, e muitas vezes esquece com maior facilidade.
Já quando você erra, aquilo fica na mente.
Analogia com o estudo para o vestibular. 
Bom, o que isso significa para o estudo do vestibular?
Agora imagina aquela aula de cursinho, o professor fazendo aquele assunto de exemplo, e os alunos indo pra casa tentando fazer os mesmos exercícios. Nada muito mais complexo. Nada muito mais avançado.
Preciso fazer um parênteses pra quem estuda pro ita. Normalmente, pro ita os professores passam Exercícios do nível da prova, e muitas vezes em casa a gente vai estudar pra ver se entende e consegue fazer esses exercícios.
Pense em 2 grupos, e me diga onde você se encaixa, ou em qual quer se encaixar. Ou ainda, qual vai passar no vestibular.
Grupo 1
Grupo 2
O objetivo é resolver as questões na hora da prova.
Fazer só os livros não vai prepará-lo completamente para a prova.
Use a prova pra aprender os assuntos, principalmente história e geografia.

Existem dois tipos de problemas matemáticos

o 1o tipo é o problema passo a passo
O problema que tem uma solução passo a passo, que ao entender bem a matéria você é capaz de resolvê-lo. Não quer dizer que seja fácil ou difícil, só quer dizer que você não precisa ter um pensamento muito fora da caixa pra resolver, basta entender bem a matéria, a facilidade vai depender de quão complexa é a matéria. 
 
O 2o tipo é o problema pulo do gato
O outro tipo de problema é o que você precisa ter algum vislumbre, algum insight sobre algo um pouco diferente da matéria, ou precisa interligar com outro conhecimento. 
Um exemplo é uma questão de polinômios de 5o grau que pra resolver você precisa escrever esse polinômio como um produto notável. Tem questões mais e outras menos fáceis sobre isso. Existem por exemplo questões de geometria, de cinemática, de química, que você precisa pensar fora da caixa pra conseguir encontrar a solução. Esse pensamento fora da caixa eu vou chamar de insight. 
A verdade é que a gente fica melhor na resolução desses problemas resolvendo questões, é claro.
Mas os problemas passo a passo, você pode começar pelos mais difíceis. Que em geral, você dominando o passo a passo da matéria, vc se da bem. 
Problemas passo a passo são os problemas de termologia, 
Um exemplo mais difícil é uma questão com cunha no plano inclinado segurada por uma corda. Ainda assim é um problema passo a passo, mas com passos bem complicados. 
Em química, a radioatividade em que a massa se reduz pela metade a cada novo período. Esses são problemas passo a passo. 
Já os problemas de insight, você precisa se acostumar a vê-los, se acostumar a saber e treinar pra ter diversos tipos de insights. Então pra esses tipos de problema 
Uma matéria mais viajante, em física seria uma questão de 
Em matemática, por exemplo, vou mostrar um bem simples. Lembra como a gente demonstra PA ou PG. Em PA a gente soma equações, em PG a gente multiplica. E vai ter o termo soma, ou o termo multiplicação que a gente encontra. 
Se você nunca viu esse tipo de raciocínio, pedir pra encontrar a equação da soma da PA ou da multiplicação da PG pode ser dificil, você nunca viu esse raciocínio. Mas uma vez que você sabe. Você consegue aplicar em outras questões, em outros assuntos, até em outras matérias. É como se fosse uma nova habilidade. 
Então agora pensa em um problema que você viu a resolução e pensou: “hum que sacada”. Esses são os problemas viagem, que dependem de insight. São as questões que não basta saber a matéria. Agora vou contar uma história do Poincaré e quero que você me fale qual tipo de problema ele estava tentando resolver. 
Esses problemas que envolvem o pulo do gato você não aprende só estudando a teoria, é preciso pegar os problemas de prova!

Como eu fazia provas antigas

Como eu fazia as provas antigas do ITA

Pro ITA, eu  fiz provas antigas em 2 momentos.
1o momento: depois que acabava de estudar um assunto
Então estudava trigonometria, depois ia fazer uma lista de questões antigonas do ITA ou IME.
2o momento: A partir de agosto
Praticamente parei de estudar teoria, mesmo estando longe de acabar a matéria. Mas eu simplesmente estava muito cansada de estudar coisas novas, e queria um estudo mais simples. E o que eu aguentava era fazer provas antigas. Quando eu errava a questão de um assunto que eu não tinha estudado na maioria das vezes eu tentava entender. Com exceção de probabilidades e geometria.

Como eu fazia as provas antigas da USP

Pra medicina na USP eu lembro muito melhor, parece que foi ontem.

Eu baixei 10 anos da USP, Unesp e Unicamp. E imprimi naquele modo livreto, duas páginas por folha e frente e verso. Ou seja, em uma única folha de papel eu tinha 4 páginas de provas. Era uma letrinha pequena mas ajudava por não precisar carregar tanto material.

Primeiro fiz as provas da UNESP

A primeira que eu fiz foi a Unesp. Porque era a primeira prova. Eu fui fazer o vestibular da Unesp praticamente tendo visto metade das provas da Unesp. Talvez por isso passei na posição 400 e não passei nas vagas.

Segundo fiz as provas da Unicamp e USP

Depois do vestibular da Unesp, fiz as provas da Unicamp e da USP. Eu revezava entre uma e outra, pra não ficar boa só em uma banca. Pra prova da Unicamp eu consegui completar esses 10 anos. E a prova da USP foi no fim de semana seguinte, e nela consegui ir melhor ainda.

Eu via essa diferença clara de uma semana pra outra, porque em questão de uma semana, só fazendo provas em 100% do tempo eu evoluía muito.

Nesse tempo de vez em quando eu pegava alguma questão discursiva, mas só das matérias que caíam no 3o dia, que agora vai ser 2o dia da USP, que são biologia, física e química.

Mas eu diria que eu foquei mais nas questões objetivas.

Depois que passou a primeira fase da USP, no dia seguinte eu comparei o que eu tinha feito com o gabarito e aí pensei passei pra 2a fase. Então agora modo provas subjetivas on! E muitas redações.

Antes eu fazia 2 redações por semana, depois da 1a fase eu continuei 2 redações, mas eu lia sobre outros temas, estudava sobre Baumann.

 

Um detalhe é que eu fazia só provas por matérias, tanto pra USP quanto pro ITA

 

Então na prática eu fazia uns 2 anos por vez de física, 3 anos de biologia, por dia. Isso pra USP.

Pro ITA as questões eram mais trabalhosas e eu demorava mais.

Então, eu sentava e pensava vou fazer 2 horas só de provas de física, ou só biologia.

 

Então agora vou falar como você pode fazer provas antigas, e lembre que tudo isso que eu falo está no planner pra você fazer as provas antigas.

Como você pode fazer provas antigas

Passo a passo para fazer provas anteriores

Você pode fazer de 2 formas.

  1. Provas antigas completas (como fiz pra USP e no fim do ano pro ITA)
  2. Listas de exercícios com questões antigas – por tópico (como fiz ao longo do ano pro ITA)

 

  • Faça provas por tópicos (como eu fazia pro ITA)
    1. Procure uma lista de: “Biologia > citologia” e faça todas as questões.
    2. Quando errar, veja a teoria na apostila ou a aula do professor.
    3. Aprenda a fazer cada exercício, a ideia não é decorar, mas saber o suficiente para explicar para um colega.
    4. Quando não souber, veja uma linha da resolução, e tente fazer o resto sozinho.
    5. Separe as questões que você errou e precisa fazer novamente. Exemplo: Lista de física>dinâmica, questões 3, 8, 15.
    6. Um mês depois (ou antes)refaça as questões.
    7. Faça isso para todos os assuntos.

Questões por tópicos da Fuvest no fim da página do grupo Exatas, e do ITA no paperx.

 

  • Faça provas antigas inteiras (como eu fazia pra Medicina na USP)
    1. Escolha uma prova inteira, por exemplo, de 2010.
    2. Se preferir, comece com uma única disciplina. Exemplo: 2010 > Física.
    3. Resolva a prova,
    4. Quando não souber, veja uma linha da resolução, e tente fazer o resto sozinho.
    5. Faça isso até fazer toda a resolução.
    6. Quando errar, volte na teoria/vídeo-aula dos assuntos.
    7. Separe as questões que errou para fazer de novo. Você pode criar um caderno no app Evernote, no Notas do Google ou do iPhone, e anotar: “Fuvest 2016, prova V, questões 1, 6, 18, 28, 30…” – Isso vai te ajudar no mês de revisão antes da prova!
    8. Continue até a prova de 2018, e faça provas similares:
      • Grupo Fuvest (Unicamp, Unesp, Famema).
      • Grupo ITA (IME, AFA).

Como ainda estamos em junho, acho que você pode focar em estudar por listas de exercícios, e fazer provas inteiras das humanas.

Planner

Se esse podcast não servir pra nada, mesmo que você discorde de tudo, faça pelo menos provas de português.
Português é uma matéria que vale tanto, veja que pra USP é a matéria mais importante, e pro ITA vale tanto quanto matemática.
Ir bem em português depende muito de fazer provas anteriores, interpretação ou você pega lendo muitos e muitos livros, o que aos 17 anos é difícil, ou fazendo muitas provas antigas. O mais fácil nessa época é fazer provas antigas.

Pra finalizar, dê uma chance pra provas antigas.

Você não precisa mudar o seu estudo completamente. Você pode começar, separando 2 tardes por semana pra fazer provas antigas, e pode começar pelas matérias mais fáceis pra você, ou mesmo por português.
Você baixa uma prova, separa uma matéria, senta lá e faz. Você pode fazer a prova inteira e depois ver a resolução, ou você pode ir vendo questão por questão. Eu já fiz dos dois jeitos, e provavelmente você vai se identificar mais com uma forma de resolver que com a outra. Mas o importante é dar esse primeiro passo.
Eu sei que a gente deixa pro futuro, quando a gente tiver visto mais capítulos, quando a gente se sentir pronto. Mas olha, se sentir pronto é uma coisa que dificilmente vai acontecer. A gente tem que ir apesar dessa sensação de que não é a hora.
É igual fazer qualquer coisa que te tira da zona de conforto, você vai resistir, mas a vida está lá fora.
Bons estudos pessoal, e quero que vocês me contem. Comentem na página, me contem de verdade se estão fazendo as provas antigas. Vocês não tem noção de quanto eu fico feliz ao ler os comentários, é o que me motiva a continuar fazendo conteúdo.
Bons estudos e até o próximo.