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Autossabotagem nos Estudos: 4 Passos para Transformar em Autodisciplina


Já teve dias em que você senta na mesa, olha a bagunça, decide arrumar; aquela sujeirinha, é melhor limpar; abre o livro, mas a barriga não deixa, hora de lanchar! Em outros momentos ia estudar matemática, mas está tão cansada, melhor biologia. Assim, estuda o que já sabe, no sofá. E a semana vai passando e o que era importante, aquilo que mais aumentaria a sua nota, vai sendo jogado para o futuro, quando tiver mais energia, disposição, motivação, gás e o que quer que seja!

Resistência

A melhor coisa que encontrei para explicar a autossabotagem é a resistência. É quase uma força física que existe entre onde você está e onde você quer chegar. Então, imagina que essa apostila aqui é algo que você precisa fazer, você precisa abrir, resolver cada uma dessas questões. O que acontece com a resistência? Ela te repele. Aí você sente no corpo como é doloroso chegar perto dessa apostila e você já tem pesadelos com isso. Você não quer nem ver isso e você afasta. É aquela história de estudar tudo, menos a redação; enrolar, enrolar, enrolar para ver o próximo assunto de matemática; é deixar pra fazer provas antigas só quando tiver visto toda a matéria. 

E isso aparece também muito depois, no trabalho, na faculdade. Então demora meses para preparar um currículo. Estudar línguas é um parto e por aí vai. Então a gente faz tudo para evitar essa dor de lidar com a resistência. Dessa forma, vai se transformando na procrastinação crônica, em que a gente adia tarefa e se tem uma série nova na Netflix: “Hum, é isso mesmo!”. E os melhores amigos nesse momento são os que não esfregam isso na cara da gente.

A jornada do Artista

Algo brilhante que explica isso é o livro do Steven Pressfield; inclusive, eu recomendo todos. Porque isso abre os olhos para essa sensação física, para esse processo de lidar com a resistência. Então é como se ele transformasse procrastinação, um pensamento, uma ideia, em algo físico, essa força que repele você de onde você quer chegar; ou o que você precisa fazer para chegar onde você quer chegar. E lá ele escreve: 

“A procrastinação é a manifestação mais comum da resistência, porque é a mais fácil de racionalizar. Não dizemos: Eu nunca vou estudar log. Em vez disso dizemos: Eu vou estudar log, mas vou começar amanhã.”

E aí você vai adiando, vai adiando, vai adiando… E o que você queria fazer vai indo para o leito de morte. Dramático, né? Então eu separei em quatro partes de ‘Como lidar com a resistência nos estudos’.

Primeira parte: Entender a Resistência

A primeira parte é ‘Entender a Resistência’. Então, como ela aparece para você? Por exemplo, eu tinha colegas na turma ITA que faziam tudo de exatas, mas não conseguiam fazer redação. Era muito difícil, evitavam por meses e aí chegava no mês anterior à prova e não tinham base, não conseguiam fazer isso e acabavam que iam mal por causa de redação. Já tem outro extremo, de pessoas que estudam humanas, estudam biologia, linguagem, redação; mas a pedra no sapato é física, é química. E vão deixando isso para depois.

Dessa forma, identifica qual é resistência para você, quando ela aparece, como ela aparece, porque esse conhecimento traz um superpoder de como lidar com isso. 

Segunda parte: Goldilocks

E depois que você entende a resistência, a gente precisa criar ‘Tarefas estilo Goldilocks’. Então, Goldilocks é uma historinha em que a personagem, Goldilocks, vai na casa do urso e experimenta três potes de sopa, até ela descobrir a quantidade ideal e a temperatura ideal para ela, depois ela acha a cadeira no tamanho perfeito para ela; e a cama; e dá uma dormida lá. Até que os ursos chegam ela sai correndo como louca. E a regra de Goldilocks é você achar a tarefa perfeita para você. Nem muito grande, nem muito pequena, nem muito fácil, nem muito difícil. 

Então se algo é muito monstruoso, muito difícil, que tal quebrar isso?! Logo, se é redação, quebrar; quebrar em vários dias; se é um capítulo de matemática, quebrar em dez minutos por dia; ou alguma outra coisa que você tem que fazer. Quebra. E se for difícil pensar assim, pensa qual é a ação mais fácil e depois qual é a ação mais desafiante e pensa se não tem um meio do caminho.

Terceira parte: Criar uma rotina

E a terceira parte é ‘Criar uma rotina para conseguir lidar com isso’. E na prática, alguns horários que você protege, que são, de preferência, no começo do dia, quando você ainda está com energia, e antes de ver, por exemplo, redes sociais ou de se distrair muito. E às vezes a gente acha que precisa fazer uma coisa por muito tempo para evoluir; mas às vezes por pouco tempo você consegue; ou seja, meia hora todo dia você já consegue evoluir nessa coisa que te dava resistência, por exemplo, ou procrastinação. Dá também pra gente florear com algumas coisas; então, escutar uma música, pensar em como melhorar o ambiente para isso ser mais fácil de fazer.

Eu, por exemplo, faço o mais difícil antes de tomar o café da manhã. Então eu acordo, abro o laptop e já vou lá preparar o que eu tenho que fazer antes de qualquer coisa. E isso me ajuda muito a, também, tomar café com a sensação de missão cumprida e principalmente de já ter feito. Porque antes, em outras épocas, quando eu deixava – “Ah não, primeiro vou tomar café ou então eu vou fazer exercício físico, aí vou me arrumar e depois eu fa…” – Era meio-dia! Então é melhor logo fazer antes e já ter tudo pronto. E como eu falei, não precisa ser uma hora e meia, duas horas; às vezes você faz uma coisa boa, bem concentrada, por quarenta minutos e vale mais do que três horas depois do almoço.

Quarta parte: Não se preocupar com o resultado

A quarta parte que eu queria falar é ‘Não ter preocupação com o resultado’. Assim, pode parecer meio nada a ver essa parte no meio desse vídeo, mas às vezes a gente ficar pensando e matutando ‘vai dar certo?!’, ‘não vai dar certo?!’, ‘quando vai dar certo?’, remove toda a energia que você tem para se jogar no projeto. Então, ao agir sem apego a esse ‘vai dar certo’, ‘não vai dar certo’, você consegue ter mais foco no que precisa fazer. Então você não se distrai com esses pensamentos e você se abala menos emocionalmente quando algo dá errado. E com certeza várias coisas vão dar errado.

Agora eu vou te contar como eu tive a ideia para esse vídeo. Vários vídeos são respostas a coisas que eu estou pensando. E essa é uma delas. Então, tem um fracasso muito grande na minha vida, que é não ter terminado o livro ainda. Então eu estou desde 2018 escrevendo e desistindo, escrevendo de novo e desistindo de novo do livro ‘Sniper de Questões’. Eu vou, escrevo, eu me empolgo, depois eu paro. Aí eu fico assim: ‘Ah, escrever livro não é para mim!’; ‘Ah, é outro tipo de pessoa que escreve livro!’. E aí, uns meses atrás eu comecei a chorar do nada, ficar mal…  pensei: o que é isso?! Por que eu estou assim?! Tudo está dando certo, sabe, eu tenho uma família legal, tenho amigos. Está tudo dando certo na parte profissional. Por que eu estou ficando tão mal?

Eu fui analisar por que não dá certo quando eu começo a escrever. E todas as vezes eu tenho uma expectativa absurda de acabar em três meses, em quarenta e cinco dias… Já aconteceu até assim: ‘Não, eu vou começar a escrever agora, oito horas por dia e eu vou acabar em vinte e um dias!’. Como que você vai escrever um livro em vinte e um dias?! Então eu tenho essa ideia ‘Ah não, isso aqui é um projeto que dá pra fazer em pouco tempo e vai dar certo!’ Mas não! Então, tem que ter consistência e nem tudo vai dar pra gente hackear, descobrir uma fórmula secreta de como fazer. 

Desse modo, eu tirei um pouco da expectativa de acabar tão rápido, eu tirei totalmente a expectativa de ‘vai dar certo?!’, ‘quando vai dar certo?!’, ‘alguém vai comprar?!’, ‘vão gostar?!’. Não! Eu acordo, vou lá, faço o que eu tenho que fazer, quarenta minutos, vou tomar café e pronto. Faço o resto das coisas, YouTube, o Sniper e as outras coisas. 

Eu achei incrível! Então, recuperei o gás que eu tinha de novo e eu vou te contar que não é fácil, todos os dias acordar de manhã e vencer a resistência, principalmente quando é um negócio mais difícil de escrever ou algo mais complexo de pesquisar. Mas aí eu vou fazendo e aos poucos vai dando certo e às vezes de lá eu tiro ideias aqui para o Youtube, como foi o vídeo da semana passada, de humanas. 

E essa questão de metas absurdas; como essa meta de trinta dias, vinte e um dias, é quase uma violência contra si mesmo. De você colocar um negócio assim tão restritivo, tão intenso, e algo que não depende só de você, pode ter todo o esforço do mundo; mas não é assim. Você tem que dormir, você tem que refletir, as ideias vão se encaixando de uma forma, assim, não linear. Então, tem que ter paciência.

E aí nesse processo eu redescobri os livros do Steven Pressfield que eu tinha e aí eu fui ler: Nossa, é exatamente isso que eu tenho! Parece, assim, sabe, que você tem um sintoma, aí você vai lá no google: Esse sintoma! Aí você vê os outros sintomas todos que você tem da Doença da Resistência, assim. E eu achei incrível, então, por isso que eu estou falando aqui para você. Porque pode ser que isso pareça com você também e outras coisas que não seja o livro também. Enfim, eu super recomendo esse livro, eu acho que traz essa compreensão que é mais visceral, assim, é mais física do que você só pensar no mundo das ideias sobre a procrastinação ou autossabotagem. 

E é isso, me conta se você gostou. É um vídeo muito louco, muito pessoal; assim, pelo menos essa segunda parte. Espero que você tenha gostado e é isso. Continue indo atrás dos seus sonhos, o mundo precisa da habilidade que só você tem! E a gente se vê no próximo post! Tchau!