Existem duas pessoas dentro de você. Aquela ideal, que é quando os astros se alinham, você dá conta de tudo, não se cansa, persiste, resiste à tentação, tem disciplina. E a outra, em que o tico e teco não se entendem, tem muita preguiça, quer comer besteira, dormir tarde e destruir todos os ganhos.
Eu Ideal x Eu Real
Pois é, o ‘Eu ideal perfeito’ só aparece, no máximo, em um de dez dias. Nos outros, você fica com esse ‘Eu real’, imperfeito, cheio de falhas e que, principalmente, não é bom em tudo. E a questão é que a gente passa a vida nesse ‘gap’ entre o Eu inteligente, sarado, perfeito, e o Eu real. E aí parece que é natural passar a vida pensando que você deveria estar nesse nível acima. E daí vem a culpa, porque sempre dá pra fazer mais, mesmo quando você já sobe um degrau… “Hum, já dá pra subir bem mais!”; já mais, mais, mais! E essa sensação fica lá no peito.
7 em Tudo
Então a primeira coisa é que existem várias áreas na vida. Logo, você não é só estudos ou só exercício físico ou só cuidar do sono. Você é várias coisas. Por exemplo, tem os estudos, mas tem também exercício físico, dormir bem, cuidar da saúde, ter uma alimentação saudável, passar tempo com a família, ter amigos, desenvolver seus hobbies, aprender línguas, descansar, ler livros, cuidar das emoções. Assim, tem várias áreas da vida e não tem como ser dez em todas elas. Ou, pelo menos, não por muito tempo.
Não Tem Como Ser 10 em Tudo
Por exemplo, se você for dez no exercício físico, tudo bem, mas você pode estudar menos ou pode interagir menos ou pode descansar menos ou pode render menos em outras áreas. Já, se você for dez só em estudos, isso também não vai durar muito tempo. Porque é preciso também fazer exercício, é preciso dormir bem, descansar e interagir com as pessoas. Então não dá pra você, por exemplo, passar um ano só estudando, sem fazer essas outras coisas, não é saudável.
A ideia de trazer isso é a gente ver que tem várias coisas importantes. E quando você coloca toda a importância só em uma delas, isso não é sustentável e acaba que não dá certo. E a arte mesmo é saber viver no equilíbrio. Saber viver no sete ou oito em várias dessas áreas. A gente vê esse Eu perfeito, que dá conta de tudo isso, nota dez; só que isso não é viável. Então, às vezes, um sete ou oito que vai melhorando, que vai melhorando o nível um pouco a cada dia, às vezes é mais factível do que o Eu perfeito.
E entender essas áreas e essas notas pra várias áreas é algo que pode ajudar a reduzir essa sensação de culpa. Porque você vê que realmente não tem como você ser dez em várias áreas, em tudo; ou às vezes mesmo ser dez em uma área por muito tempo. O único que eu tento ser dez mesmo é o sono; mas nem sempre dá certo. Então, assim, de dez dias, três não dão certo de ir dormir certinho no mesmo horário, pra acordar certinho no mesmo horário. Mas é a questão da arte de viver nesse equilíbrio de não ser, sabe, ou oito ou oitenta, de ficar ali no meio do caminho. E ter esse Eu perfeito, ideal, como inspiração; mas não necessariamente algo que precisa, necessariamente, acontecer.
E, assim, pensando nessas várias áreas, pra mim, talvez a mais importante ou, assim, a base, é o sono. Então, você dormir bem. Só que aí, pra você dormir bem, você precisa se alimentar bem. E aí acaba que, ao se alimentar bem, você vê: “Ah não, preciso fazer um exercício físico também!”.
Então algumas coisas são meio básicas pra isso tudo dar certo. Como uma pirâmide, você vai colocando os próximos blocos.
O Que é Importante Para Você?
Mas uma ideia é ver pra você: O que é importante pra você? Em vez de pensar em fazer tudo, em decidir o que é mais relevante ou onde você está colocando muito tempo e não deveria, ou pode reduzir.
Por exemplo, uma caixinha dessa pra mim é ser mãe. E aí eu tenho um filho pequeno e é muito legal passar tempo com ele. Então a gente vai pra praia, brinca, etc . Só que, depois eu lembro: “Eu tenho que trabalhar!”; “Eu tenho que fazer várias coisas!” e, assim, pra amanhã. Mas ele também quer brincar. Então, às vezes, eu tenho sempre que lembrar: “Eu não consigo ser dez em tudo!”.
Desse modo, se desequilibrar faz parte do equilíbrio. Tudo bem, hoje não vai dar pra fazer isso, ou hoje eu não consigo ficar com ele. E aí a gente vai lhe dando. Sempre sabendo que não é possível ser dez em tudo! Essa é a ideia aqui, que eu queria te contar; pelo menos pra essa parte.
Criar Projetos
É aquela ideia do Projeto Verão. Então, está chegando a temporada de praia, então: Ah, então vamos passar aí uma três semanas comendo menos, se exercitando mais pra ver se reduz um pouco aqui a situação!
A Mochila
E a segunda parte é sobre como você usa a sua distância em relação ao Eu perfeito. Então essa distância pode ser uma ‘mochica da culpa’, algo que te joga pra baixo, que te faz sentir mal, que te faz sentir tão longe do seu potencial ou de onde você poderia chegar. Ou você pode ver o Eu perfeito como uma direção. E assim, meio que troca esse senso de martírio, de se jogar pra baixo, de se abater, por um senso de aventura, de como você pode ir chegando mais perto de onde você quer sem esse peso nas costas, de carregar isso, sabe.
Então, acho que são ferramentas bem legais, a gente pensar nisso. Porque, principalmente quem tenta ter desempenhos elevados, sabe, quem tenta ter alta performance, você sempre sabe o que deveria fazer, onde você está errando, sabe, onde melhorar. Nossa, você sempre sabe! E isso é muito claro, que falta chegar lá, que você não está lá. E, às vezes, até quando você melhora: “Nossa, ainda falta tanto!”. E é uma coisa constante, uma batalha constante consigo mesmo. Só que não precisa ser.
Logo, a primeira coisa foi ver que existem várias áreas da vida, não tem como ser dez em tudo. Mesmo dez em uma área, às vezes, implica em não prestar atenção nas outras. Então, dez lá nos estudos quer dizer sete, às vezes, no exercício físico; ou zero no exercício físico, se não estiver fazendo, o que no longo prazo não é bom, pode prejudicar a sua saúde. E vai até que chega e prejudica os estudos. Esse é o primeiro ponto.
E o segundo é entender essa questão da mochila da culpa. Então a gente não precisa carregar essa mochila. E é meio que você se perdoar, talvez, por não ser perfeito, por errar, por ser humano. E é uma coisa que as pessoas não gostam de falar, né. Todo mundo “Ah, vai lá, dê o seu melhor!” ou “Trabalhe enquanto eles dormem!” e, sabe, todo mundo: “Não tenha pena de si mesmo!”. E todo mundo nessa vibe assim: “Tenha raiva de si mesmo!”. Pra você sair de onde você está, pra você conquistar o que você quer.
Só que, às vezes, isso mais atrapalha do que ajuda. Então você vai conquistar os seus objetivos porque você não gosta de si mesmo, porque você se odeia. E aí sempre vai precisar mais e mais, sendo que não precisa. Então, às vezes, a gente ficar bem consigo mesmo, entender as emoções, entender o que está acontecendo, e ter essa direção, já é um caminho bem mais legal. É pelo menos o que eu tento fazer.
Tentei responder à pergunta. Saiu por vários lados, espero que tenha te dado alguma clareza de como lidar com essa culpa. É algo que eu passo muito. Mas a gente vai tentando melhorar.
Então, muito obrigada por acompanhar! Continue sempre indo atrás dos seus sonhos, o mundo precisa da habilidade que só você tem!
E a gente se vê no próximo post!