TEXTO PARA AS QUESTÕES 76 E 77
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os
dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas
um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a
fazer compras na venda; ensarilhavam-se* discussões e
rezingas**; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava,(L5)
gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela
gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés
vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de
existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham (L10)
como formigas; fazendo compras.
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a
Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa.
Nhá Dunga! gritou ela para baixo, a sacudir um pano
de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, bata na porta, (L15)
ouviu?
Aluísio Azevedo, O cortiço.
* ensarilhar-se: emaranhar-se.
** rezinga: resmungo.
Constitui marca do registro informal da língua o trecho
(A) “mas um só ruído compacto” (L. 2 3).
(B) “ouviam se gargalhadas” (L. 5).
(C) “o prazer animal de existir” (L. 8 9).
(D) “gritou ela para baixo” (L. 14).
(E) “bata na porta” (L. 15).
Português, normal culta
O certo seria “bata à porta”, A preposição “a” sugere a ação de golpear a porta.
Nível de questão difícil.
letra E